quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Resumo 11: Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica

RESUMO 11
Autor(as/es): 
Portugal, Sílvia
Infos sobre o/a/s autor/a/s:
http://www.ces.uc.pt/investigadores/cv/silvia_portugal.php

Título: 
Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica



A autora inicia com a constatação do uso do termo redes nos diversos domínios. Afirmando não ser uma construção da atualidade, coloca no desenvolvimento da comunicação e no fortalecimento das relações entre as pessoas como as razões para a diversidade de uso do termo. A potencialidade dos estudos das redes faz com que sejam utilizadas para campos diferentes do da sociologia e, alguns cientistas da fisica, assuem o argumento que há alguma conexão entre todos e assim a rede é uma (inter)conexão de pessoas. Apesar de utilizado desde os anos 30 e 40, somente na segunda metade do sec. XX que o conceito de rede social assumiu um papel central no campo sociológico, com a criação de diversas publicações, revistas, grupos e etc sobre o assunto. O conceito das redes surge para contrapor a forma analítica estrutural-funcionalista onde não se conseguia perceber as interações em sociedades mais complexas. Não há como (re)conhecer o autor original que iniciou os trabalhos sobre as redes sociais mas, parece, existir uma unanimidade ao redor de Barnes, que estudou uma comunidade de pescadores em Bremmes. Com o aprofundamento dos estudos, conclui-se que a formação das redes influencia na formação social dos indivíduos. Fica evidente na constatação que quanto maior a conexão entre os membros de uma família mas segregados são os trabalhos entre Homem e Mulher. O estudo das redes de maneira estruturalista, tendo a relação como uma determinante social, tornou-se mais evidente e assumiu uma importância maximalista. Dentro da teoria das redes sociais são encontrados quatro princípios fundamentais que versam sobre os atores e suas ações são interdependentes, os laços são canais de fluxo de recursos, as estruturas das redes configuram oportunidades e constrangem a ação individual e os modelos de redes conceitualizam a estrutura como padrões constantes de relações entre atores. Por fim, enfatiza-se que a análise das relações entre os indivíduos que pode fornecer uma visão mais específica e completa da estrutura social. Há o entendimento que assim como há o constrangimento das relações sociais sobre o indivíduo, esse interage com a mesma estrutura de acordo com os seus interesses.
No capítulo Um novo paradigma? contextualiza o que é a quebra de um paradigma quando isso revela-se uma nova forma de ver o mundo onde o novo e o velho paradigma são irreconciliáveis. Baseando-se na identificação de uma falta unidade nos próprios estudos sobre as redes e a falta de unicidade na sociologia, a autora afirma que não é possível falar de um novo paradigma. Contudo afirma-se que os estudos das redes sociais buscam uma alternativa ao debate simmeliano em que os indivíduos formam a sociedade ou essa forma os indivíduos.
Em relação ao titulo sobre o capital social, assim como as redes sociais é um tema de moda que ganhou grande visibilidade a partir dos anos 90. E, assim como as redes sociais, não se sabe até que ponto pode ser tratado como uma nova ideia. Considerando a posição do capital social nas relações, o seu entendimento é indissociável da análise das redes sociais. A partir do conceito de Marx sobre o capital como uma forma de conseguir o lucro, o capital social parte da ideia que os indivíduos interagem com a sua rede para conseguirem gerar lucros. Lucros que, portanto, são produzidos pelo envolvimento com o mercado, seja ele econômico, político, de trabalho ou na comunidade. São quatro os fatores existentes na rede social, que condicionam o comportamento dos indivíduos, e são vistos como capital social: o fluxo de informações como um fator de conhecimento dos indivíduos, a influência dos laços nas decisões, os laços sociais como credenciais e o sentimento de identidade e reconhecimento. AS tradições do pensamento sobre o capital social partem de Pierre Bourdieau, James Colemas e Robert Putman. A autora adiciona a esses, os pesquisadores que emergem dos estudos sobre a teoria das redes como Nan Lin, Ronald Burt, Peter Marsden e Barry Wellman. Para Bourdieu o capital social é construído a partir das interações com as redes sociais como investimentos passíveis de serem utilizados como fontes de benefícios. Coleman caracteriza o capital social quanto a sua função e o distingue de diferentes formas (obrigações e expectativas, informações, normas...) ao passo que identifica os fatores que contribuem para a criação, manutenção e destruição do capital social. Putman possui uma abordagem diferente sobre o capital social. Ele parte da dimensão normativa que surge das relações sociais. Defende que as redes possuem formas e funções diferentes. A separação do pensamento sobre o capital social, portanto, possui duas perspectivas, uma que o percebe como bem público e outra que analisa as vantagens privadas que se pode obter da rede. Assim há a operacionalização "do capital social através das normas, valores e atitudes, visíveis em unidades macrossociais; os segundos realizam uma abordagem sócio-estrutural, através das redes e dos laços sociais." Os autores que abordam a teoria das redes superam alguns limites do pensamento sobre o capital social e consegue um olhar para as dimensões das estruturas sociais, dos recursos e da ação. Assim como toda outra forma de capital, o capital social também pode ser usado de maneira negativa. Como para a ascensão social(exclusão dos de fora do grupo), o resserceamento da iniciativa individual e a conformidade. Ao enfatizar o papel individual nas redes sociais, deixa-se de lado a intervenção do Estado e, assim, acaba responsabilizando o indivíduo por toda sorte de situações em que se encontra, culpabilizando as próprias vítimas.
Para a operacionalização das redes a autora centra a atenção, dentre as perguntas que são formuladas para a identificação das redes, na questão Quem?. A partir daí, identifica os nós, que são os elementos que possuem alguma relação com o ego(unidade social, que pode ser física, jurídica, formal ou informal). A caracterização dos laços, que podem possuir diferentes perspectivas, e dos nós, permite identificar propriedades morfológicas das redes, como: dimensão, densidade, orientação, polarização, segmentação, sobreposição ou dissociação. O restante do capítulo é dedicado a exemplificar as formas de coletar as informações nas redes e, também, tipificar as próprias redes.
A autora finaliza com a concordância com Latour, em que a network analysis torna visível os atores e recoloca no centro da discussão sociológica a interação social.

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