domingo, 20 de julho de 2014

Não me tirem a cidadania!!

Bem, ando estudando bastante e conhecendo algumas coisas que, no fim, é um conhecer de mim mesmo. Como uma das prof. que foi peça fundamental na minha decisão de seguir a academia disse-me: Os estudos abrem os nossos horizontes.

Mas a minha distância presencial do Brasil é suprida pelo uso da internet e por meio de pessoas que ainda tenho o contato. Por isso, ainda sinto-me parte de um movimento de pessoas que buscam melhorar as próprias vidas por meio de uma saúde de qualidade. Como todo movimento, há uma parte dele que tenta não somente agir contra o princípio básico das associações, que é o apartidarismo, como, maquinando com os próprios botões, tenta impor uma visão para toda a gente pelo falso lacre da academia.

Será que se pode levar a sério uma associação que realiza suas atividades em uma região específica e totalmente partidária? Que utiliza de seus contatos políticos para constranger toda uma comunidade? Que diz ajudar as pessoas com doenças raras por meio de propostas de lei que se sabe não há qualquer fundamento? Ainda mais que essas propostas tem origem exclusivamente em um partido? E o pior, imputa uma identidade à pessoas que querem, antes de tudo, cidadania?

A primeira vez que ouvi e fui chamado de RARO, fiquei muito constrangido. Foi em uma audiência pública organizada pela AMAVI e a época do Congresso Iberoamericano de Doenças Raras. Como eu tenho a plena consciência que muitas de minhas posições não são compartilhadas, resignei-me em ficar calado. Contudo, as pessoas que da minha família e outras que ouviram a mesma situação, conversaram comigo que se sentiram tanto ou mais incomodados. Mas porquê?

Impingir o RARO às pessoas com doenças raras é sinalizar que antes do indivíduo está a doença. Porque é a doença que a faz rara. Ao mesmo tempo, é fazer da famigerada palavra a identidade da pessoa. Esse termo deve ser combatido por todos nós. Não devemos ficar calados diante de pessoas que lutam para nos oprimir seja individualmente ou em grupo. O silêncio diante do partidarismo que se escancara a nossa frente somente é possível porque não retomamos na mesma força e intensidade as insanidades que nos são ditas ou impostas.

Outro motivo para o combate é só lembrar dos movimentos dos surdos e dos deficientes que conseguiram não fazer de sua deficiência a sua limitação. A luta desses grupos contra as tentativas de segregação e limitação pelo uso dos termos, é amplamente divulgada e facilmente conhecida.

Certamente, por fim, devemos ficar atentos com as pessoas que utilizam a academia para esconder as suas reais intenções. Hoje, como a grande maioria dos intelectuais que lidam com os Movimentos Sociais sabe que a resposta está nos próprios movimentos e não nos "intelectuais".

Emfim, apesar de estar na academia, tento não deixar a ansiedade do militante apagar. Por isso, deixo esse texto torto, de muitas ideias e, às vezes, sem conclusões, da forma que está. A sua bagunça é uma reação e, também, demonstração da ebulição de sentimentos de raiva e impaciência quando vemos que somos tratados com desrespeito e com pena. Eu não quero pena, minha familia não precisa disto e muito menos todas as pessoas que conheci até hoje, pelo movimento social, estão longe de serem merecedores de pena. Queremos somente a nossa identidade, sem pechas e codinomes. Não aceito ser tratado nada menos como cidadão. Então por isso, toda a ebulição de sentimento que me vem ao peito e a mente pode ser resumida em uma única frase:


NÃO ME TIREM A MINHA CIDADANIA!!!

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