segunda-feira, 26 de maio de 2014

Viver sem agrotóxicos

Aproveitando o post anterior. Não é de romance que vivemos, mas de luta e mobilização.

Por uma vida sem agrotóxicos

https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4

Visão romântica?

O interessante das aulas do doutoramento é podermos encontrar, mesmo dentro do curso de sociologia, visões muito diferentes e um tanto carregada de preconceito e estigmatismo. Em uma das aulas que frequento há uma intensa discussão sobre a necessidade de haver a construção conjunta do conhecimento entre a academia e a população. Na verdade, a posição do acadêmico que "ouve" as demandas do público é colocada em questionamento uma vez que esse ouvir, muitas vezes, é somente uma tentativa de confirmação das suspeitas iniciais do trabalho de pesquisa do investigador. Mesmo depois de quase dois meses de aula percebe-se que não há o avanço de algumas discussões onde as pessoas firmam o seu posicionamento, por exemplo, na crítica sobre a participação dos mediadores na construção democrática.

Ora, o princípio é que o ser humano, por sua própria natureza, não tem como manter uma posição neutra, por mais que se tente. Desta maneira, no papel da mediação sempre terá a intenção do mediador. Esse é um fato consumado e, acredito, não haver discussão. Contudo, para um militante que virou acadêmico, é difícil ouvir uma critica generalizada sobre o papel do mediador como se o sujeito estivesse pronto para realizar a manipulação da público, sempre para o lado do mais forte. Essa visão é um tanto errônea uma vez que, de maneira clara, ainda possui o preconceito de não ouvir a base e os movimentos sociais. Para falar sobre o papel da mediação é preciso perceber os diferentes contextos. A visão que existe os profissionais da mediação ou os mediadores que possuem um fim específico, logicamente, não está longe da verdade quando pensamos nos processos institucionais da saúde ou do orçamento participativo, ainda mais quando as associações civis que participam destes ambientes possuem a consciência do envolvimento político e, algumas, inclusive, distanciam-se destas construções por acreditarem que a ação local é mais efetiva.

Porém, essa generalização fere a grande maioria das pessoas que buscam a melhoria para sua comunidade, às vezes, com ações individuais. Os líderes de bairro, representantes de comunidade, de associações, vizinhança etc, em seu início, possuem a intenção de representar aqueles que convivem com uma realidade muito próxima da que ele próprio vivencia. Sem institucionalismo, as pessoas são livres para seguirem o que acreditam.

A crítica para o movimento social também dirige-se à academia, quando promulga-se que os estudos sobre a participação social são muito romanceados. Sem deixar o gelado da fúria que enche o coração chegar até as palavras com afirmações deste tipo, resigno-me somente em pensar: Será que essa pessoa, um doutorando, compreende que não existe romance no movimento social? Quando lemos os textos na linha do engajamento social e encontramos palavras como liberdade, emancipação, trincheiras, luta e outras do tipo, seguramente, não é de um romance que estamos falando. Pessoas que possuem a experiência no movimento social a partir da tela do computador, não conseguem entender o fervor de uma discussão entre os próprios militantes e a ginga que é preciso conseguir para ficar ao ombro de pessoas que representam o governo e grandes instituições. Não é de romance que estamos falando e muito menos os textos são para romancistas ou ingênuos. Os textos são o mais próximo do que um militante pode encontrar de incentivo e certa orientação. São portanto, visões de incentivo e coragem.

Ao mesmo tempo, como uma boa forma de contar o passado e a limitação causada pela relação TEMPO x AÇÃO, as palavras contadas sobre um estudo com a ação social pode não serem tão verídicas quando publicadas, mesmo poucos meses depois. O que é preciso decidir é o quão velhas serão elas serão. Como na visão do prof. Boaventura, o militante acadêmico não pode deixar que as ações de campo sejam jornais velhos.

Seguimos em frente, com os textos que, antes de tudo, representam a CORAGEM do movimento social!

domingo, 25 de maio de 2014

Facebook desativado (por enquanto)

Seguindo a proposta do último post, fiquei atento ao sentimento que move as minhas relações. Percebi um conflito muito grande entre o ganhar x perdemos. O ganhar é significativo para conseguir ir adiante com a minha família em uma nova situação, novo país, nova cultura, enfim, novo tudo. Parte de um princípio de proteção. Contudo esse sentimento é parte da construção que foi a minha vida e posso entrar na armadilha que nós criamos citada no antigo post. Não tenho certeza sobre a sua possibilidade de acolher a minha família na perspectiva que eu ganho. Porque é muito cansativo, pensar durante todo o tempo, que eu devo ganhar porque, da mesma forma, também penso que alguém quer ganhar sobre mim. Desta maneira, o estado de alerta que eu crio para poder não só ganhar mas, também, proteger-me de algo que eu construí, gera cansaço e solidão. Percebida a dialética inerente ao ganhar x perder, abro o caminho para uma reconstrução do ser.

O primeiro passo, foi desativar a minha conta no Facebook. Há algum tempo ando pensando sobre o pq eu estar no Facebook. Bem, de início, a minha conta do FB tinha somente um objetivo: Divulgar as ações da AMAVI para o maior público possível. Foi bom e conseguimos ótimos resultados. Mas acontece que, aos poucos, fiquei viciado em ter que acessar o FB frequentemente. Mas o pq eu acessava o FB? Para ver o que as outras pessoas andavam fazendo. Não acessava para procurar informação, mas para ver as postagens das pessoas que acompanho. Vi-me na ansiedade de acessar o FB uma, duas, três ou quatro vezes ao dia. Para quê? buscar informação? conseguir novas perspectivas? não, somente para, como minha avó diria, vigiar a vida dos outros e fofocar. Assim, por não conseguir ver algo de bom que o FB( Fofoca's Booking) pode proporcionar-me no momento, pelo incômodo de ver como as pessoas se expõe na rede, pela campanha política rasteira, por acreditar que podemos continuar a alcançar as pessoas por meios que se distanciam do FB e, principalmente, por não conseguir ver qualquer sentido naquilo, desativei a conta.

Bem, seguirei para a crise de abstinência que está por vir, ;o))

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Participe de um teste individual

A partir de nossas experiências conseguimos construir um parâmetro para vivermos. Mas o que fazer quando precisamos preocupar-nos, quase na totalidade, com a necessidade de apenas sobreviver?

As atividades que realizamos para garantir a nossa própria sobrevivência e de nossa família acabam por estrangular a necessidade de olharmos para nossa vida de maneira crítica e construtiva. As horas que precisamos dedicar para garantir a alimentação, a educação e a saúde são tão extenuantes que passamos a ser opressores de nós mesmos.

A opressão tanto ocorre conosco e em nós, como com os outros e para os outros. É claro que toda a gente possui um modelo de vida. Mas quando esse modelo restringe-se ao fator do ter e consumir, criamos a perversidade de levar para as nossas relações as ideias do ganhar e ter. Se procuramos esses últimos para nós, também buscamos encontrar a sua oposição que é o perder. Esse modelo, do ganhar e ter em oposição ao perder, possui sentido quando encontramos de quem ganhar e ter. O ganhar, neste caso, é no sentido de conseguir vantagem em qualquer situação onde o sentimento de satisfação individual é presente. Para que essa satisfação aconteça, busca-se um modelo onde é possível colocar toda essa engrenagem e fazer com que ela realmente possa vir a cabo. E as relações baseadas no consumo é o melhor modelo porque se consegue a lógica acaba materializando-se no dinheiro.

Criamos a impressão de conseguirmos medir as coisas de acordo com a quantidade de dinheiro envolvida. Assim, as nossas relações são baseadas no mesmo sentido e, ao fim e ao cabo, o indivíduo possui o seu "valor mensurável." Acentuar as nossas relações no dinheiro e na lógica do consumo é promover a diferença de tratamento que existe entre o conjunto de pessoas. Faça um breve experimento e preste atenção em seus sentimentos e sua forma de agir com as pessoas e tente perceber como é o tratamento com o status. Somente não repita que vc trata toda gente igual, ok?

O ganhar e ter individual, para a comunidade, encontra a sua oposição somente no PERDEMOS.


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