quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mais do mesmo

Chuva lá fora, frio dentro de casa e eu a organizar-me para a tese. Na verdade, acho que a tese e o trabalho de doutorado é uma fase de expiação. Durante o tempo que estou envolvido com o meu projeto, desde 2014, penso que nunca tirei férias. Todo o nosso tempo é dedicado para pensar em algo, ver, analisar, tentar, rever, revisar e tentar de novo. Esse processo de vai e vém é para além de uma construção do pensar, do ser acadêmico, do reformular, apenas é.

E o ser que se (re)constrói no processo da pesquisa surge muito diferente do que foi. De minha parte, eu tenho a compreensão que já passei da fase de achar que serei um acadêmico estupendo, como alguns de meus professores em Coimbra. O ser acadêmico é um processo que começa, invariavelmente, ainda nos bancos da graduação. E estou longe de ser algum pesquisador que sempre esteve envolvido com a investigação e o ambiente universitário. Tenho ranços demais, falta de noção demais, português de menos, ignorância demais para me comportar como um professor/investigador. Percebo, de maneira clara, como estou sempre deslocado. Minhas perguntas são na hora errada, o meu jeito é inapropriado e a forma de pensar é diferente. Disso não tenho dúvidas.

Assim como também não tenho dúvidas que a consciência sobre o meu deslocamento está mais para ponto positivo do que negativo. Reconhecendo a minha, no fundo, estupidez sinto-me livre para agir ou falar o que realmente se passa na minha cabeça, naquele momento. Não pensar na "práxis" que envolve o ser acadêmico é deixar livre o ser estudante. Isso não quer dizer que é algo agradável ou super belo. Afinal, qual é o estudante que não quer ser igual ao seu professor predileto?

Estou em um bom momento. Sei o que eu fiz durante o meu trajeto de doutorado. Sei onde posterguei e onde adiantei a minha pesquisa. Onde fiquei mais próximo do acerto e onde falhei por completo. Onde escrevi na hora que tinha que brincar e onde brinquei na hora que tinha que escrever. Toda a construção que vivenciei trouxeram-me para esse momento que não tem mais espaço para outra coisa a não ser colocar em linhas tudo o que vivenciei durante esses anos e, em especial, a partir de 2010. Para variar, ainda aprendo bastante e estou livre o bastante para continuar a ser o estudante que sempre fui.

Inté!

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