quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Resumo 01: A pesquisa em saúde nas ciências sociais e humanas: tendências contemporâneas

RESUMO 01
Autor: João Arriscado Nunes
Infos sobre o/a/s autor/a/s:  http://www.ces.uc.pt/investigadores/cv/joao_arriscado_nunes.php
Título: A pesquisa em saúde nas ciências sociais e humanas: tendências contemporâneas


Conforme o autor, a participação do cientista social na área da saúde vem, cada vez mais, tomando um lugar assertivo nas discussões realizadas sobre a saúde. Esse aumento da participação pode ser verificada por diferentes indicativos, seja pelo crescimento do número de publicações especializadas no tema, seja pela incorporação das ciências sociais e de suas contribuições da formação da pesquisa em saúde.
O projeto ITEMS foi uma iniciativa realizada no contexto europeu e identificou quatro grandes eixos temáticos da pesquisa em ciências sociais sobre a saúde: as transformações das ciências biomédicas, a participação dos usuários nos debates sobre o tema, o papel da tecnologia e da comunicação e as articulações da saúde com temas políticos e sociais. Deste, originou-se o projeto MEDUSE com o objetivo principal de explorar a participação dos novos atores sociais e coletivos na área da saúde.
A biomedicalização é definida como um processo central que possui cinco componentes: economia política no setor da saúde, ênfase em saúde (ao invés da doença), incorporação de outros saberes na medicina e a transformação dos corpos.
Os objetivos do texto são o de caracterizar os principais eixos temáticos e orientações das ciências sociais em saúde e propor uma participação dos cientistas sociais no campo da intervenção dos domínios da saúde.

Eixos e orientações de pesquisa sobre saúde nas ciências sociais

São elencados cinco eixos.

O eixo da biomedicalização atua em diversas áreas e, na verdade,fundamenta grande parte das alterações surgidas na área da saúde. Em particular a biotecnologia como uma maneira de manipulação da vida, trouxe a capacidade de redefinir os conceitos de saúde, doença,doente e intervenção médica, criando novas entidades, como: mães de aluguel, os doentes saudáveis, o conceito de morte, a correção da natureza, recuperação do conceito de raça, divisão biossocial e a criação de biobancos.
A medicina preventiva, orientada para prevenção e diagnóstico, está a ser alterada para uma de vigilância, da gestão do risco, caminhando para uma medicina regenerativa, para formulação dos medicamentos sob medida, em função do perfil genético.
A articulação da saúde para um campo de biopoder ganha, cada vez mais, maiores reforços.

A diferença entre a velha e nova saúde pública está assentada, principalmente, sobre a forma de entender a saúde no ambiente. Enquanto a nova faz uma relação das doenças que podem surgir no ambiente -contaminação da água, do ar etc. -, em uma visão da globalização, a velha estava com a atenção aos problemas para garantia das condições de vida. O alinhamento entre as duas é facilmente identificado quando os problemas da saúde envolvem um caráter de globalização. Há uma necessidade de redefinição dos saberes relacionados a intervenções da medicina na saúde e a atenção para surgimento das novas modalidade de institucionalização da vigilância em saúde(governação x democratização).

O público e o privado se confundem com as visões do direito sobre um e outro. A partir do momento que os cidadãos passam a buscar proteger suas necessidades individuais o público começa a perder espaço. Principalmente quando essa diferença recai sobre a garantia de direitos para os mais ricos. A privatização da saúde, o aumento do aparato tecnológico para o seu monitoramento, a sua domicialirização acabam por transferir para o cidadão a responsabilidade de cuidados em saúde que, a grande maioria das vezes, recai sobre as mulheres.

A participação dos cidadãos, pela ação coletiva e participação pública, na construção da saúde é realizada pelas associações, encontros e outras iniciativas que buscam criar uma resposta a demandas não formuladas pelo governo.As formas de ONGs na saúde são muito heterogêneas e com diferentes propósitos sendo, em alguns casos, regidas pela cartilha neoliberal onde os pacientes e necessitados da saúde são postos de lado.
Diante das discussões e reflexões sobre democracia participativa x representativa, a principal questão é: É possível uma saúde para todos/as?

A saúde é um direito fundamento do ser humano e portanto deve ser defendido. A definição da saúde como uma forma solidária de existência é a base para formulação de políticas e participação do pesquisador social nesse campo. A garantia a saúde é defendida de maneiras diferentes entre o norte e o sul, onde esse é uma metáfora a todas as formas de opressão e exclusão. A retirada dos indivíduos que sofrem algum tipo de discriminação da participação pública somente agrava a sua vulnerabilidade.

Para uma concepção solidária da pesquisa sobre saúde em ciências sociais e humanas
 

Na última parte do artigo, o autor argumenta que a concepção solidária diz respeito a participação do cientista social na promoção de qualquer atividade que garanta a saúde como um direito fundamental e, principalmente, a realização de ações que promovam o aparecimento de qq forma de discriminação ou exclusão do exercício desse direito.
- Produção do conhecimento biomédico em saúde;
- Denúncia a violações do direito a saúde e dos direitos humanos;
- Produção coletvia de testemunhos de privação e qualquer tipo de sofrimento;
- Reconhecimento da saúde como um direito de todos;
- Definição de formas de ação afirmativa;
- Pesquisa de maneiras participativas sobre ações de promoção e defesa da saúde;
- Promoção ou facilitação dos cidadãos no debate público;
- A reorientação da bioética e da ética médica.

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