terça-feira, 3 de junho de 2014

2014 como a vitória tardia da luta armada no Brasil

Na última semana havia um encontro, com o prof. Boaventura, sobre a questão: Brasil e Portugal, como nos lemos e como nos vemos?

Particularmente, fiquei bem interessado. Contudo, frustrei-me porque o prof. não pôde comparecer e as questões ficaram restritas a visão Brasil-Portugal e, também, como potencializamos as mazelas de nossos colonizadores.

Por outro lado, ontem, minha expectativa foi alcançada. Houve mais de uma apresentação sobre o Brasil. O mais interessante é perceber uma separação muito grande entre aqueles que visitam o nosso país, consideram a sua complexidade e aqueles que se grudam a mensagens jornalísticas, caindo no cadafalso de reduzir a realidade brasileira ao que se percebe em jornais e com uma comparação direta, e errônea, entre o Brasil e o país que vive.

Antes de tudo, é preciso esclarecer que não sofro de qualquer mal e estou totalmente sóbrio, por isso, de forma alguma eu defendo que nosso país é uma maravilha e tudo funciona na medida do possível. Mas, por outro lado, é preciso relembrarmos que em um pouco mais de 500 anos de história, com a presidente Dilma, somente três presidentes foram eleitos democraticamente pelo povo e conseguem terminar o seu mandato: um sociólogo, um operário e uma mulher ex-militante da guerrilha. Daí já é uma perspectiva bem interessante para pensar sobre o que é a democracia para nós.

Também é preciso lembra que os estudos sobre o ano de 2014, a copa e a eleição merecem cuidado em conclusões rápidas e, portanto, rasteiras. Não há como realizar uma construção racional sobre a copa sem considerar que 2014 é o ano do 50° aniversário do golpe militar e que o governo possui projetos para apresentar à sociedade os arquivos militares daquela época. Sem partir para a teoria da conspiração, somente levanto a seguinte questão: Será que os militares e a direita não se preocupam com a triangulação de sucesso do governo Dilma vitória para este ano, na organização, daquilo que ela chama, da Copa das Copas; vitória da seleção brasileira na competição e a vitória em sua reeleição? Será que isso realmente passa despercebido por eles ou somente em imaginar a combinação desses fatores, temem a força que o governo pode conseguir neste ano e, principalmente, significar, definitivamente, a vitória tardia da luta armada no Brasil?

E, por último, a influência da mídia. É evidente a influência da mídia em todo o processo contra a copa. As estratégias das mídias sociais são conhecidas mas as proposições, se existem, não são comunicadas. Assim como não há o TUDO está bom, não pode haver o TUDO está ruim. Também devemos lembrar de duas coisas. 1. como as próprias forças "militares" (se lembram da questão do parágrafo anterior?) articulam-se para fazerem parte do "movimento" de rua como infiltrados ou promotores das ações. 2. Não devemos esquecer que a mesma mídia (Globo, grupo Abril e Cia) que esteve presente não somente durante a ditadura, quando manipulava a informação para massa não conhecer as atrocidades vividas no Brasil; também, estava ativa no impeachment de Collor (ou não se lembram das várias discussões que houve o dito "O povo quer o que a Globo quer"?; incita as manifestações de hoje.

Em 2014, ainda vivemos o 1964. De uma lado temos a mídia e os militares, de mãos dadas como naquela época, e do outro, não uma instituição, mas a mulher que eles não assassinaram quando tinham a oportunidade. Será que, realmente, eles não consideram essa relação?

No fundo, não me importo muito com a questão por parte deles porque sei a resposta. Mas será que nós vemos isso?

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