quarta-feira, 31 de agosto de 2016

É muita mudança

Hoje, eu já estou com a minha blusa vermelha. A cor do sangue, da bravura e da valentia. Independente do que está por vir, para os próximos meses, dedicarei mais do meu tempo para o meu trabalho. Na verdade, não sei muito quando estou descansando e quando trabalho. Apesar de eu estar em atividades de família, com as crianças ou em dias que me dedico para outras pessoas, a minha cabeça sempre está a pensar nos temas que envolvem a tese que eu trabalho e tem que palavras chave normalidade, família, doença, condição genética e manipulação da vida. Por isso, apesar de estar em um momento que, supostamente, era de descanso como não me sento para escrever ou ler algo, a sensação é que estou sempre com algo atrasado ou errado.

Mas isso não é de tudo errado. Meu trabalho está em atraso. Contudo, como eu conheço o meu ritmo e intensidade quando estou em produção, dou-me a liberdade de ter um crédito para poder tentar ficar mais tranquilo e 100% nas atividades que me encontro. Mas, como vc pode ver, nessas breves linhas, já consegue perceber como a atribulação está presente no meu dia a dia. 

Eu devo confessar que pensava em fazer um texto organizando tudo o que está em minha cabeça. E a vantagem da escrita é que ela facilita uma certa clareza sobre o que pensamos. Provavelmente, não é agora que eu quero escrever tudo o que penso. Agora quero somente ter uma certa liberdade de escrever para mim mesmo e saber que essas linhas pouco interessam para outras pessoas. 

A fase final em que me encontro está correndo bastante difícil. Pensar onde estarei daqui a um ano é difícil demais porque ao mesmo tempo que há varias opções, tenho nenhuma. Posso estar em Portugal, Inglaterra ou no Brasil, mas onde é que as crianças estarão felizes?

É uma perguna um tanto difícil porque cada uma tem as suas próprias demandas. Enquanto uma é avoada demais para pensar no dia a dia, outra é concentrada demais para se superar a cada dia, a cada momento e a cada instante. Os extremos em minha casa são constantes.

Aí, chego a pensar se essa minha dúvida realmente tem em conta as crianças. Porque, por mim, sinceramente, acho que eu já fiz tanta coisa diferente e desafiadora que estou vendo o que acontecerá para frente. Na verdade, estou cansado. Queria somente um lugar que eu pudesse ter a confiança que estava bom tudo o que eu fiz. Um lugar que não me sentisse sugado o tempo inteiro, chupado, literalmente, até eu não ter mais forças. Porque, essas, estão perto do fim. Força para quê? Onde ela vai me levar? Blz, vou terminar um percurso acadêmico muito belo e desafiador, mas e depois? Vou para onde e vou fazer o quê? Voltar para o Brasil e ter que lutar, de novo, contra tudo e toda a gente? A não, não quero isso. Não tenho mais energia para fazer aquilo que me trouxe até aqui. Labutar sem descanso, articular, conversar, convencer e ser convencido sobre algo. 

Não dá mais! Ainda mais quando vejo que todo trabalho monumental que foi realizo, interessam somente para alguns, de maneira sincera. Porque o restante somente querem correr atrás do seu próprio lucro que, invariavelmente, é pessoal. Estou cansado! Está duro acreditar em algo. Meu conflito com a religião já passou e me distanciou demais de onde eu estava. Quando eu olho para trás e vejo a mudança que ocorreu, é o mesmo que eu enxergar outro homem. Que, quem sabe, aquele não teria qualquer amizade com esse. A minha firmeza e convicção de ontem transformaram-se em tantas reticências de hoje que, muitas vezes, vejo essas reticências como a vida se esvaindo. 

Eu não tenho qualquer receio da morte. Não tenho e, para mim, é algo que pode acontecer e, quem sabe, ser bem vindo. Já fiz muito e fui onde a minha imaginação nem chegava. Não quero continuar nesse cruzeiro a velocidade da luz! Acho que estou igual ao mergulhador de águas profundas que precisa estar confinado para despressurizar o seu corpo. Preciso de alguma máquina para despressurizar tudo isso que vivenciei. É muita mudança para pouca força.

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